Recanto de meus pensamentos...

"É a minha vida... é agora ou nunca"

Textos


REFLEXOS

 

 

Das voltas que a vida dá

Ao tempo que a morte tira,

sigo numa estrada a tentar

sobreviver à dor da ferida.

 

Nos dias que a chuva expõe a tristeza

de um sol que em solidão lacrimeja,

dela também compartilho à mesa,

amargando sonhos que o coração almeja.

 

E quando as nuvens engolem o pranto

não há brilho ou sinal de sorrir...

a lua se achega num canto,

tão nova e já sabe fingir.

 

São muitas belezas e pouco sentido...

querer contemplar ou me juntar ao espaço?

Milhares reflexos num espelho partido,

um quebra-cabeça reverso faltando pedaço.

 

segunda, 12 de maio de 2025

 

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Pós-fácil – Explicação das metáforas

 

Este poema foi escrito enquanto eu estava em sala de aula, entre o fim de uma aula e o intervalo da vida. Comecei por volta das 18h45 e terminei por volta de 19h24. As palavras vieram como uma espécie de vazão interna, e só depois percebi o quanto cada verso estava impregnado de significados profundos.

 

Na primeira estrofe, falo sobre a dor da saudade, a ferida deixada pela morte, e o esforço de seguir num caminho sem norte. A vida dá voltas, mas o tempo só tira — e sobreviver a isso é um ato constante de resistência.

 

A segunda estrofe traduz os dias em que a chuva revela a tristeza — a tristeza de um sol que, sozinho, chora em forma de chuva. A imagem do sol lacrimejando representa essa solidão que também me senta à mesa, como uma companhia amarga. Sonhos impossíveis, que o coração deseja mas não pode alcançar, são mastigados como se fossem parte do cotidiano — amargos e recorrentes.

 

Na terceira estrofe, apresento as nuvens que engolem o pranto — ou seja, são nuvens densas e escuras que não chegam a chover. Representam um dia nublado, sem brilho e sem graça, como certos momentos da vida em que a dor não extravasa, apenas se acumula. E então surge a lua nova, que simboliza uma presença ausente: ela está lá, mas ninguém a vê. Mesmo sendo noite clara, ela finge que brilha, mas é só uma promessa vazia, como certos recomeços ou esperanças que já nascem com mentira.

 

Na última estrofe, coloco o dilema entre viver para contemplar todas essas belezas sem sentido ou morrer e me juntar ao espaço — ao vazio, ao átomo, à dissolução do ser. Não é um desejo suicida, mas uma pergunta existencial sobre pertencer ou se dissipar. Os milhares de reflexos num espelho partido são fragmentos do coração, pedaços da alma que já não se encaixam. E o quebra-cabeça reverso faltando pedaço é a mente tentando encontrar sentido onde só há ausência.

 

Esse poema é, na verdade, um desabafo que se traveste de contemplação. Um grito mudo diante de um mundo que, por vezes, tem beleza demais e sentido de menos.

Max Moraes
Enviado por Max Moraes em 05/06/2025


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