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Karl Mannheim: As Visões De Mundo e O Conceito De Intelligentsia

    Segundo a sociologia do conhecimento de Karl Mannheim, as visões de
mundo são construções criadas socialmente. Todas as ações humanas, seus
hábitos e tradições não são herdadas naturalmente, mas sim, fazem parte
de uma absorção nas relações sociais entre esses indivíduos, logo,
também sua visão de mundo e sua "alienação" nos processos políticos.
    Karl Mannheim formula um método
documentário como ferramenta para a investigação da vivência dos
sujeitos e, a partir da interpretação das entrevistas dos grupos
sociais, dos sujeitos e pela observação, extrai  expressões "indiciais"
construídas pelo grupo, retiradas da estrutura social, que o norteará
para compreender a realidade da sociedade.
    Numa tentativa de compreender as dimensões do homem "total",
apreende que as visões de mundo são dadas de acordo com o contexto em
que o sujeito está socialmente inserido, em qual, "sempre se comporta
de uma  maneira bastante  diferente de acordo com o grupo particular do
qual, em qualquer momento, ele faz parte"... (FORACCHI, 1982: 60)
    Segundo Mannheim, para escapar desta visão de mundo socialmente
construída, por vezes gerando um certo "senso comum" na interpretação
dos acontecimentos, é necessário atingir um nível intelectual abrangente
que o capacitará para fazer uma análise não maculada por esta visão
enraizada neste senso. A pessoa que está inserida no âmbito intelectual,
grupo de pensadores comuns, de eruditos, por ele denominada de "intelligentsia",
imaculado pela construção socialmente construída, consegue captar as
dimensões da estrutura social que rege as relações dos sujeitos, assim
portanto, a "inteligência" amplia seu olhar crítico possibilitando-o
desvendar o melhor viés, seja ele econômico, administrativo e/ou
político, para conduzir as práticas de resolução de conflitos que
abarcam o meio social.

    O termo intelligentsia apresenta duas características que demonstram
as dificuldades para a compreensão dos fenômenos:
* primeiro, serve para identificar intelectuais que surgem
simultaneamente em contextos políticos;

* posteriormente, termo usado para designar conjuntos de intelectuais de
uma determinada nação, "como os grupos mais restritos de intelectuais
que se  fazem notar por sua capacidade de fornecer uma visão
compreensiva do mundo por sua criatividade e/ou por suas atividades
direta ou indiretamente políticas (Mannheim, 1956; Lipset, 1971; Schils,
1972)".

    Podemos compreender as construções teóricas baseadas em ideologias
deste modo:
"De um lado, visa encontrar critérios praticáveis para determinar as
relações mútuas  entre pensamento e ação. De outro lado, pelo exame do
problema, de começo a fim, num espírito radical e livre de preconceitos,
espera desenvolver uma teoria, apropriada à situação econômica, sobre a
significação dos fatores não teóricos que condicionam o conhecimento"
(MANNHEIM, 1952: 245)
    Entretanto, por um outro olhar, vemos que Mannheim apresenta uma
"solução" que é um tanto elitista; de modo a explicitar que os únicos
apropriados para conduzir uma ideologia de resolução dos problemas
sociais são aquelas pessoas que possui um grau intelectual produzido na
academia universitária legitimada pelo porte de um diploma e/ou
certificação acadêmica.


            Maximiniano J. M. da Silva - quinta, 11 de Dezembro de 2010
Max Moraes
Enviado por Max Moraes em 20/03/2011
Alterado em 09/03/2017


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